segunda-feira, 7 de julho de 2014

Forca

Não existe nenhuma garantia. Não há nenhuma promessa que seja imortal. Acreditamos que o melhor está por vir, mas não damos nenhum passo em direção a esse melhor que tanto queremos. 
Falamos muito, fazemos quase nada. Não nos comprometemos para não nos culparmos depois. E o tempo vai passando... Tudo vai passando... mas nós não. Nós estamos esperando. O quê? Por quê? Pra quê? Ainda não sabemos... 
É tanto medo, tanta mágoa, tanta insegurança que o passo adiante vira briga, vira "bolo", vira choro, vira silêncio. Mais dois anos e tudo estará como está. Será? 
Temos tanta certeza do sim que já não importa... Hoje ou no próximo milênio, tanto faz...
Tanto faz pouco ou nada fazer, somos assim né!?! Acomodamos. Mas e se alguém resolver nos acordar num susto amanhã ou depois? E se pegarmos uma estrada que nunca mais tiver jeito de voltar? E se, de repente, alguma coisa mudar para sempre?
Eu sei. Vamos ignorar, fingir que todo esse tempo parado não existiu, que era uma coisa boba, coisa da sua ou da minha cabeça.
Não é justo ignorar o que tempo nenhum nos fez esquecer. Não é bonito parar e esperar a vida acontecer em algum lugar.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Por que queremos tanto um milagre?

Esperamos pelo milagre, muitas vezes, porque isso não exige muito esforço nosso. Esperar sentado pelo milagre é, relativamente, fácil. Você se coloca no "modo stand by" e enquanto nada acontece, você espera. 

Se acontecer, ótimo. Se não acontecer, a culpa é de Deus.

Pense comigo: Deus te dá o milagre da vida todos os dias e o que você faz com isso? Assiste novela, reclama de tudo, fica mal humorado por causa do trabalho... Aí você dorme e quando acorda, novamente desperdiça o milagre que Deus te deu.

Um dos significados de milagre no dicionário é: coisa extraordinária de que NÃO está à espera. Não se espera o milagre, meu amigo! Você é surpreendido por Ele. Deus te dá o milagre se Ele quiser. Ele é Deus!

Temos a péssima mania de colocar Deus numa caixinha e determinar o que ele pode fazer e o que não pode.

É necessário aprender que ter fé é confiar no que Ele fez, faz e fará. Não é cruzar os braços e esperar e sim viver a vida que Ele te dá todos os dias.

Viver um dia de cada vez não é ser inconsequente, é aproveitar tudo que Deus te deu de forma coerente com a Palavra. De nada vale saber a Bíblia inteira se você só é cristão dentro da sua igreja (e olhe lá...).

Esquecemos dos ensinamentos sobre tolerância, respeito, humildade, amor, caridade... Hoje são apenas palavras bonitas, a proposta de Jesus é que tudo isso fossem ações naturais. 

Ele propôs que sejamos luz no mundo. Luz é pra ser vista! A luz tem que estar onde está escuro. Iluminar onde já está claro, qualquer velinha de bolo de aniversário consegue.

Esquecemos o que é empatia e com isso esquecemos também o Evangelho, a religião, a oração... tudo. Enquanto eu não me colocar no lugar do outro, eu vou julgar, vou classificar, vou dividir.... sabemos muito bem quem veio para dividir. Jesus veio para multiplicar e a multiplicação Dele não se dá na nossa conta bancária. Se dá na graça de viver e ser feliz com o milagre que se tem. 

E é na simplicidade de cuidar do nosso milagre de cada dia que o outro percebe a presença de Deus na nossa vida. E só quando nossas ações condizem com o que pregamos é que somos cristãos de verdade. 

Só somos capazes de reconhecer o milagre quando nosso coração é puro o suficiente para enxergá-lo.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Dançando

Todo mundo viu.
Esteve ali por muito tempo.
Sem se mover.
A esperar.
Fingindo não se importar.
Segurando na garganta a vontade de chorar.
Chorando a vontade de voltar.
Até que dali teve a chance de sair.
Um passo a frente e dois para trás.
Foi.
Ainda a esperar.
Ainda fingindo não se importar.
Ainda segurando na garganta a vontade de chorar.
Ainda chorando a vontade de voltar.
Mais dois passos a frente e três para trás.
Sorriu.
Relaxou.
Se esqueceu.
Doeu.
Sofreu.
Soluços e choros.
Perdeu-se na falsa alegria do carnaval.
A esperar.
Fingindo não se importar.
Segurando na garganta a vontade de chorar.
Chorando a vontade de voltar.
Parou.
Três passos a frente e quatro pra trás.
Já sabe onde isso pode dar.
Quatro passos a frente e mais nenhum pra trás.
Cansou.
Esperou.
Fingiu não se importar.
Segurou na garganta a vontade de chorar.
Chorou a vontade de voltar.
Nada é definitivo.
Fez questão de se olhar.
Quis se iludir.
Realidade nenhuma aqui.
Demorou a dormir.
Tudo se apagou.
Sem cor.
Cinco passos a frente...
Talvez alguns passos para trás.
Espera.
Finge não se importar.
Segura na garganta a vontade de chorar.
Chora a vontade de voltar.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Bruma

Sabe aquela história de que quem brinca com fogo acaba se queimando?

Pois bem... Tem momentos que temos plena certeza de que damos conta do recado. Tudo começa muito bem e chega uma hora que parece que vai desandar, parecer não quer dizer que vai e como somos brasileiros e não desistimos nunca, vestimos uma segurança imaginária e pulamos na fogueira... mais uma vez nos deixamos queimar.

Queimadura de qualquer grau dói. Se queimar sabendo que poderia ter evitado o acidente dói mais ainda. Se queimar sabendo que se jogou no fogo sem nem ter tentado se proteger dói também. Saber que se jogou na fogueira sem necessidade é desesperador. Queimar mais de uma vez o mesmo lugar, dói a dor da queimadura e da falta de cuidado que tivemos conosco.

Há quem se queime testando seus limites, há quem se queime por acreditar que as coisas podem ser diferentes, há quem se queime por não conseguir aceitar o que lhe foi posto.

Hoje acordei queimada... por dentro e por fora.

E só cabe a mim cuidar dessa marca que ficará. Só eu saberei o quanto essa cicatriz ficará feia. Apenas eu carregarei essa escolha.

Há um tempinho atrás estava divagando sobre os efeitos que as pessoas trazem a minha vida e, como Sartre, também achava que o inferno eram os outros. Talvez eles sejam mesmo... mas isso não tira de mim a responsabilidade de ter me deixado ser atingida por eles. Sou eu quem permito o que entra e sai da minha vida.

Quem me queima, me queima porque não me cuidei o suficiente. Se alguém me fere, foi porque, em  algum momento permiti que essa pessoa estivesse próxima demais do que é valioso pra mim mas pode não ter importância alguma pra ela. 

Não posso viver me culpando pelo o que os outros fazem, sei disso. Mas também não posso fingir que não estou vendo o quanto tenho sido usada como objeto para sublimação de outrem.

Não me leve a mal... eu só não poderia estar te levando tão a sério.