quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Loucura

Eu sou só amor e dor. Enquanto tudo dói dentro de mim, choro a saudade de amores que não voltarão. Vejo o amor que não senti quando devia, o amor que deixei partir, o amor que joguei fora, o amor que não deixei sair... E a dor vem estralando todo o amor que não soube viver. Dói latejando a alma o que tive medo de ser... Escuto os que foram antes de eu dizer o que sentia verdadeiramente. Vejo os vultos dos amores que desperdicei. São eles que me ninam antes de dormir, são eles que passeiam nos meus sonhos e pesadelos sem a menor pretensão de partir, são eles que me assombram quando a noite já é dia e quando tento ter vida. Meus companheiros, meus conselheiros, meus amados, meus demônios, meus segredos, meus desencontros, meus enganos, meu maior tesouro... para sempre meus (mesmo que só nos sonhos)... Dói em mim todo amor que sonhei. Dói o amor que eu não gastei. Amor que dói sem eu sentir, dor que me prende no feitiço dos amores que não serão. Amo a dor que me corrói. Dói o amor que me destrói. 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Fanatismo

Depois de escolher a geladeira, a máquina de lavar e os travesseiros foi a hora de abrir mão daquela escolha.
Deixou de lado o que poderia ter para ter o que já poderia ter deixado de lado.
E o que restou colocou num saco.
Mandou de volta o que não tinha mais troca.
Usou, está usado. Não adianta arrepender do combinado.
Tentou disfarçar. Fingiu que se importava com o que estava acontecendo.
Na verdade não, ninguém finge por muito tempo.
Voltou a ser o que era. Achando que isso não pesaria outras esferas.
Pesou. Nem ligou.
Há quem diga que não deveria se importar, outros pensam no que ainda virá.
Vai viver.
Se acabar.
Mas sabe bem, não fez o que deveria, não foi diferente.
Não cumpriu com o que prometia.
Meteu os pés pelas mãos por pura ironia.
Vai pra longe. Fuja de si.
Construa seu castelo, coloque muralhas e arme sua gente.
Tempos difíceis ainda virão.
Só não poderá se proteger da memória e de sua própria razão.
Se prepare. 
O mundo gira e não tem como se esconder das punições do destino. 

domingo, 13 de outubro de 2013

Surreal

Menos um sábado. Mais uma vez aqui fazendo planos que não vou concretizar. 
Menos um dia. Mais um pesadelo.
Olhe para mim. Não foi bem essa a vida que esperava aos 25.
Estou perdida no mundo que eu mesma construí.
Perdi o mapa do meu tesouro.
Ontem ao me deitar percebi o quão vazia estou.
Me encho de qualquer coisa por um período curto de tempo.
Depois tudo se vai... 
E me deito sozinha com esse monte de nada dentro de mim.
Um nada que vem ocupando o espaço das coisas que verdadeiramente importam.
Um nada que vem me ocupando.
Um nada que vem tomando o meu lugar.
Um nada que está me matando.
Um nada que eu simplesmente não consigo me livrar.
Deito e a cabeça se enche de tudo que não quero mais lembrar.
Levanto com a ressaca dos maus pensamentos. 
Passo o dia tentando fugir disso que está dentro de mim.
No fim do dia lembro que tudo isso não é nada.
Passo o dia pensando em coisas que não existem, e elas me consomem.
O dia acaba e eu não tenho mais nada, mas ainda estou cheia...
Estou farta. Exausta. 
Quero meus sonhos de volta!
- Memória! Pare de persistir no que é só perda de tempo.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Esqueça!

Quantas coincidências formam uma certeza?
Quantos sonhos preciso sonhar para viver a realidade?
Existe no mundo algo que garanta a felicidade?

Quis escrever. Só quis... 
Guarda as palavras para a volta.

Triste viver de esperas.
Triste mesmo é viver de meras probabilidades.
Mais triste ainda se condenar a tristeza por colocar a alegria na mão de alguém que se alegra longe de ti.

Liberta-te.
Esteja livre do que te prende.

Cada segundo direcionado ao choro, só te impede de viver as alegrias que lhe são oferecidas.

Cabeça erguida, sem olhar para trás. O que vem pela frente é o que importa.

Pode ir. Vá. 

Vá! 

Lamentos não se transformarão em volta.
Medos não trazem o que já se foi.

O que há de vir, ficará parado até que se permita as idas.
E quanto menos vem, mais dói.
Quanto mais dói mais prende.
Quanto mais prende mais amedronta.
Mais medo mais retrocesso.
Mais paradeiro.
Mais lágrima.
Mais dificuldade.
Mais distância.
Mais ilusão.
Mais dureza.
Mais muro.
Muralhas trazendo sombra.
Sombras cheias de frieza.
Frio de gelar a alma.
Alma que se congelou na espera.
Espera do que não vai chegar.
Chegada que não se deixou ir.
Ida que parou a vida.
Vida que não é mais vivida.

Faça um trato. Desfaça o orgulho. Se livre dos retratos. Vista roupas novas e use um batom. Desenhe nos lábios o antigo sorriso, se preencha com palavras coloridas, ouça a voz que ainda acredita em você. Prometa que vai subir no salto, esquecer os estragos e soltar os cabelos. 

Voe mais alto. 

Se o tombo for maior, que valha a vista paradisíaca.

Vá você também. E se nada se acertar, volte.
E se acertar, se esqueça.


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Acabou, Nada...

No marco do passado, seu jeito ajuizado te prendeu no mal. Mal vivia, mal sorria, mal pensava... Mal humor, mal no amor... Maldade essa que te prendia. Sempre com a visão correta, a maneira certa, a forma mais adequada. Um robô da sociedade moderna. Robozinho das posturas e costumes esperados. Robotizou até os sentimentos para facilitar a vida. Virou bobo da corte. Refém da falsa alegria. Fez muitos rirem de seu jeito desajeitado, das brincadeiras inusitadas, das piadas bem contadas... Riram tanto que te feriram. Passaram por você sem lhe dar uma brecha para nascer. Você: coisinha sem nome, supérfluo de quem te consome. Você: abelha sem ferrão, circo sem anão. Você: grão de areia na praia, gota de água no oceano. Você: luz acesa em dia claro. Vai passar e desaparecer sem nunca ninguém perceber.

Luz

Decidi que iria e fui. Nada aconteceu como planejei. A situação me deixou desconfortável. Por mais que estivesse onde queria estar, alguma coisa dentro de mim não estava batendo bem. Não era assim que eu queria.

O que eu queria, não tive. Tentei de novo. Não daria certo. Sozinha isso não era possível.

Inesperadamente tudo mudou. Não dava mais para continuar.

Fui então pensar no que dava pra fazer com o que tinha. Não dava pra fazer muito, mas também não era motivo para não fazer nada. Entreguei o que tinha nas mãos de quem sabe o que fazer na hora certa. Não sou disciplinada e isso é péssimo. Tive que aprender a conviver com castigos. Enquanto a maioria dormia fui mergulhar no que me faltava.

Aprendi a me castigar e colher os frutos das minhas metas. Aprendi a me presentear de verdade quando eu merecia. Aprendi a esperar. Aprendi a carregar o peso de ser eu. Aprendi a ser eu. Aprendi a viver com o que eu tenho. Aprendi a querer o que me faz bem. Aprendi a me fazer bem. Aprendi a me aceitar e a superar minhas expectativas. Aprendi a me amar. Aprendi a ir atrás do que quero. Aprendi a ser feliz. Aprendi a me poupar. Aprendi a aceitar as circunstâncias. Aprendi a respeitar meus limites. Aprendi a viver.

Aprender a aprender foi o meu maior aprendizado. Apreendi. Prendi. Absorvi. Assimilei. Compreendi. Tomei posse.

Sou hoje aprendiz de mim mesma, da minha vida, das minhas vitórias, dos meus medos, dos meus sonhos.

E você? Já aprendeu alguma coisa?

domingo, 6 de outubro de 2013

Pesa, dê-lo

Depois de muito chorar, pedi a Deus uma resposta e ele me deu uma noite de sono. Ao acordar de manhãzinha, lembrei que era sábado e podia aproveitar mais da minha cama. Caí no sono mais uma vez. Quando saí do nível consciente, você entrou. Não estava te esperando. Minha casa não era a de hoje. Chão batido e madeira. Minha família tinha saído, mas não demoraria a voltar. Logo que te vi, nem pensei, fui atrás do abraço que tanto queria. Tentei falar, perguntar, explicar... nada. Tudo estava no seu devido lugar, não cabiam palavras. Não me disse onde estava nem porque resolveu aparecer. Eu estava feliz, feliz e receosa. Como sempre, não sabia o que fazer. Fui vivendo e agradecendo o momento. Ouvi um barulho, o movimento era claro, o pessoal tinha chegado. E como nunca tinha visto, tudo estava normal. Era eu quem não sabia que aquilo tudo era sempre assim. Eu que estava perdida, me achei rápido. Era tudo o que eu queria. Acordei com os olhos mais inchados do que de costume. Olhos que denunciavam minhas lágrimas. O coração ainda estava apertado. A esperança voltava a bater na minha porta, pedi a ela que esperasse um pouco mais. Não posso receber outra falsa esperança que se despede quando eu mais preciso. Levantei, escovei os dentes e fui tentar esquecer a vida que eu queria ter.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Reis

Tem dias que sei que o pior já foi, tem dias que o pior volta.
Sinto em mim um grande rebuliço quando tento tento avaliar o que me restou... nada restou.
Foram tantos sinais de alerta que achei que eram foguetes para comemorar, me enganei outra vez.
Faltam três meses para o ano acabar, mas pra mim já acabou tem um tempo. Meu 2013 acabou antes de começar...
Tudo aquilo que vivi e superei foi enterrado. 
Tenho tentado, mas não consegui ainda me convencer que é isso que me foi destinado. Não posso aceitar uma história definhada, uma vida esfarelada.
Tenho muitas conquistas acumuladas, mas nenhuma delas consegue me satisfazer.
Consigo tudo o que quero, basta eu querer de verdade que o que eu quero é meu. Sempre foi assim. E mesmo assim nunca me resta nada.
Não consigo perdoar o que me despedaça. Tento fingir que nada está acontecendo...até finjo... mal mas finjo... e fingindo, tudo que estou escondendo aparece.
É desesperador não ter pra onde correr. E eu não tenho.
Não existe um caminho para eu seguir, não existe uma palavra que possa me acalmar, não existe abraço algum que me conforte. 
E eu só queria entender porquê.
Por que é que eu tenho tudo e não há nada que me prenda aqui?
Por que é que eu só quero o que está muito distante de mim?
Cabe em mim tudo que eu hei de conquistar e na minha mala levo tudo o que já perdi.
Três meses para fazer o ano valer a pena. 
Outubro, novembro e dezembro pra achar meus 306 meses perdidos.