domingo, 16 de dezembro de 2012

Queria quebrar a sua cabeça...

Aproveitando o embalo do fim do mundo, vou deixar aqui o que preciso dizer antes que essa semana acabe...

Você já teve um quebra-cabeça? Acredito que todos nós já tivemos um... Vou te contar a história do meu quebra-cabeça.

Quando era mais nova, achava que ele era simples e completo... me divertia muito com ele e por mais que alguma coisa desse errado, sempre tinha uma pecinha que encaixava.

Daí cresci achando que o meu quebra-cabeça era o melhor do mundo! E ele realmente parecia ser.

Um belo, ou não tão belo, dia, fui surpreendida com uma novidade. Faltava uma peça chave do meu quebra-cabeça. Uma peça que eu sempre achei que estivesse ali.... mas nunca esteve. Passei minha vida toda montando o meu querido quebra-cabeça de maneira errada! Mas a culpa desse erro não foi minha, me ensinaram a montá-lo errado. O grande problema foi que cresci e aprendi o jeito certo de montar... e isso foi criando muitos outros problemas...

Decidi ver meu quebra-cabeça de longe, fora do lugar que ele sempre esteve. E vi que ele, talvez, nunca tenha sido perfeito. Reconheço que na vida nada é perfeito de verdade... mas existem imperfeições que não podemos tolerar. Essas eram as imperfeições do meu quebra-cabeça... as que queremos bem longe da gente.

Meu quebra-cabeça tinha dois lados e eu tinha passado a vida toda achando que só tinha um. O lado bonitinho, o que eu montava,  era um desenho bem simples mas bem convincente. O outro lado era um pouco atordoante e macabro. Como podia o mesmo quebra-cabeça ser tão inocente e tão sombrio? 

Pensei então em ir em busca da peça que faltava. Soube que não havia jeito de adquirir essa peça, já que  ela veio faltando da fábrica... se me dessem essa peça, faltaria de algum outro. Ao invés de me prender ao que sempre tive, resolvi arrumar um novo quebra-cabeça para chamar de meu. Joguei fora o velho e desejei esquecer que um dia já o tinha montado. 

A verdade é que não foi possível esquecer... sentia muita raiva por ter sido enganada por tanto tempo. Aquele maldito quebra-cabeça me fez perder muitas manhãs e tardes e noites e dias e férias e Natais e Reveillons e aniversários e minha vida toda ao lado dele. É claro que tive momentos felizes mas eram mentiras! A peça que faltava fazia eu ver o quebra-cabeça de uma forma que ele não era de verdade! E isso me irritou profundamente. De uma hora para outra perdi o único bem que possuía e por um bom tempo me senti destruída. Mas o sol sempre nasce e nos ajuda levantar, mesmo que sem muita coragem, tive que encarar que não dava mais para viver como vivia antes. Não iria aceitar nem por mais um dia toda aquela farsa. E foi o que fiz.

Ainda estou procurando um novo quebra-cabeça. O que sei é que o meu velho não quero de volta, apesar dele viver batendo na minha porta. Não quero mais montar uma mentira e me alegrar com ela. Não quero passar o dia rindo e a noite chorando para compensar. Não quero fofoca, intriga, falsidade e falta de caráter me rodeando. A vida é feita de escolhas e eu escolhi não ter mais por perto o que não é totalmente real. Só isso. 

Quanto ao meu jeito de ser vou contar a vocês: quando não faço questão de uma coisa, não faço questão de ser educada com essa coisa. Minha educação eu gasto com quem merece. Não vou desperdiçar meus sorrisos e gentilezas quando na verdade não quero nem olhar. Sou fiel a minha sinceridade e a mim mesma. Me respeito e ajo de acordo com o que eu acredito. E eu acredito que vocês precisam ser mais sinceros com vocês mesmos... parem de agir como se fossem os coitados, injustiçados. Nós sabemos bem quem é quem nessa história.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Uma partida de futebol

Preciso dessa convivência para saber o que está acontecendo. Não tenho certeza de nada e acabo embolando meu meio de campo. Estou esperando que o juiz dessa partida me expulse pelas minhas inúmeras faltas, mas parece que isso vai demorar. Não há marcação que me segure. Passo longe da banheira, é na frente do gol que dá para perceber o tamanho da nossa mediocridade.

De repente, percebo que o que eu mais queria era não ter saído do banco e quando lembro que é do banco que saem as substituições, desejo loucamente a arquibancada: o anonimato do público.

Juntando minha voz a voz da multidão, poderia rir e chorar sem grandes julgamentos, vibrar e sofrer sem culpa e medo. O lado de lá é mais confortável, basta escolher para qual time torcer.

Acordei dos meus pensamentos e a bola estava no meu pé. Tive a chance de fazer o gol, mas preferi jogar essa oportunidade fora, bem longe do esperado. A bola se foi e eu ouvi vaias e insultos. Não me queriam mais ali, mas ninguém me tirou de lá. Fiquei. Mais 20 minutos de agonia até que a bola voltou para os meus pés. Não queria decepcionar todas aquelas pessoas... Fui com tudo, resolvi não me decepcionar.

Fiz o gol que tanto sonhava... contra.

Fui, mais uma vez, vaiada e alguns companheiros de time tentaram me agredir. Fui tirada dali pela polícia, escoltada até o vestiário, me troquei e encerrei minha carreira feliz, ciente de que preciso me agradar primeiro para depois, se for possível, agradar os outros.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Procurando Ninguém

Depois de mergulhar no Mar Vermelho resolvi fazer algo diferente. Decidi me colocar de frente com minhas escolhas, mas não com as que fiz, com as que deixei de lado. Percebi o quão passiva sou com a minha vida. Não me levo a sério. Deixei que as pessoas me  moldassem durante muito tempo e agora  consigo perceber as marcas que isso me trouxe.

Eles nunca assumirão os brasões que me queimaram, por um lado sinto raiva de cada um por ter me tornado um pouco pior, mas se exercitar minha honestidade posso perceber que eu me deixei queimar. Fui eu quem passou o tempo todo expondo meu corpo e implorando para que me dessem algo.

Já é tempo de deixar as mazelas de lado. Ninguém vai assumir as minhas marcas. Ninguém vai chorar minhas lágrimas. (Já falei sobre isso aqui no blog... talvez até com essas mesmas palavras...)

Claro que escrever sobre isso é bem mais fácil do que colocar toda essa abstração em prática. Só não posso me dar por vencida mais uma vez.

Me escute: Não será mais difícil do que tudo que você tem sentido nos últimos tempos. Se permita ir mais fundo nesse mar, se nada der certo, não se preocupe, as ondas vão e vem e vem e vão sempre... Seja mais você!

Seja você apesar do outro, dos olhares, julgamentos, expectativas. Quem é você? Você sabe?

Pensando em mim, pensei no tanto que é fútil  estar sempre pensando no meu corpo, suas medidas, roupas, espinhas, unha, cabelo, peso...

Mas aí me lembrei do tanto que neguei tudo isso durante a minha vida. Nunca me aceitei. Fui sempre a mais gordinha, do dente separado, desengonçada, com o cabelo escorrido, olhos pequenos, queixo redondo, perna gorda, canela grossa, bração...

Absorvi isso durante anos e fiz disso minha verdade absoluta. Assim como sempre me considerei a bruxa, feia, cruel, sem educação, arrogante e infeliz.

Não posso viver mais 24 anos assim.

Passou da hora de dar um basta nisso tudo. Preciso comprar um espelho novo e começar do zero. Descartar tudo que sei sobre mim e deixar vir de dentro só o que não foi contaminado. 

(Quero deixar bem claro que, quem se deixou ferir e contaminar fui eu. Não, necessariamente, essa era a intenção de quem estava comigo. Muitas vezes uma coisa interpretada de maneira errada fica guardada e quem disse ou fez, nunca saberá que marcou tanto o outro.)