terça-feira, 24 de setembro de 2013

Desilusão

Agradável, encantadora, adorável... é o que esperam.

Nunca é o suficiente. Nunca se contentam. Querem sempre mais e mais e mais. Mas não tem mais. 

E se não tem, se vão. Em busca, muitas vezes, do que já conhecem bem. Lançam mão do que não conseguem lidar e voltam para o menos. Repentinamente, não querem mais, querem menos... 

Previsível, choca, descartável... 

Fizeram tudo parecer colorido e levaram de mim os olhos, são muitas cores e formas mas não posso ver. Pintaram um mundo de esperança e esconderam a tela. Nada restou, só a lembrança.

Pernoitei no Jardim do Éden e acordei com a maçã na boca. Matei Adão e fugi do Paraíso. Pecado mais original não poderia haver. Fui condenada. Me dê o bote, não tenho mais nada a perder.

Durmo, acordo, trabalho, estudo, saio, tento me distrair... o tempo vai passando e eu ainda não me resolvi.

Fecha isso que já deu para ver o final que virá. Sozinha, deitada, a lágrima no olhar... Reprise de ontem, de antes de ontem, do mês passado, de três meses atrás. Só eu mesma posso redistribuir o que ficou. Dar sentido ao que restou.

E me perguntam o que aconteceu...

Nada demais não, só acho que não sou amável.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Sempre distante

Nem Platão foi tão platônico quanto eu sou. Ele se assustaria se me conhecesse... Tenho preferência e reverência pela distância. Vivo muito bem com o que está fora do meu alcance... 

Minha imaginação deveria ser objeto de estudo. O fantástico mundo de Aline funciona 24 horas por dia, a todo vapor! Minha verdeira vida se passa lá. E é lá é que sou dona da minha história. 

Quando estou de olhos bem fechados, nada me amedronta. Se eu estiver bem escondida, nada me atinge.

Foi sempre assim... e achei que conseguiria mudar isso, viver de outro jeito. Mas não, até quando estou perto, estou longe. Crio situações na minha cabeça e vou me resolvendo lá. Aqui, deixo tudo em stand by... Se for obrigada a viver o real, eu sofro.

Lá no imaginário também sofro, mas o final é sempre feliz! É o meu conto de fadas, o meu filme com final feliz, a minha novela mexicana.

Espero não perder nunca o meu refúgio. Aqui nunca me coube, preciso de ilusões para viver. 

Adeus vida real! Estou trocando de canal!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Pega ladrão!

Não te conheci e não pretendo conhecer... é pessoal e isso não vai mudar.

Agradeço por ter levado de mim todo o egoísmo, indiferença, grosseria, vaidade, críticas, desprezo, medo e machismo. Porém preciso lembrar que não pedi ajuda com nada disso. Mesmo porquê, colocou no mesmo pacote minha segurança, determinação, disciplina e carinho... não entendi! Passou, colocou num saco o que achou que era seu e se foi... 

Pensei em ir buscar de volta, mas não fui,  e quer saber porquê?? Porquê você nunca poderia levar tudo isso, se isso não estivesse disponível... e estava. Estava te esperando.

Não sei o que fez para isso... o que sei de você é que é o tipo de gente que ninguém quer conviver, sei que você não vale o sacrifício de te aguentar. E é por isso que essa situação não sai da minha cabeça. Como pode esse pacote estar esperando por algo tão insuportável?

Nem consigo acreditar que perdi para você. Sinto a depressão me pegar só de pensar nessa possibilidade.

Em alguns momentos fico feliz, essa bagagem era pesada demais, e eram coisas que não valiam o peso que tem, mas quando penso melhor, lembro que era tudo meu, estava nas minhas mãos. E o que é meu, eu tenho que jogar fora para alguém pegar e nunca alguém levar e depois eu achar que realmente deveria ter me livrado de toda a tralha. 

Sei que tenho minha parcela de culpa por ter perdido algo importante, sei que deveria ter tido mais cuidado, mais paciência com os acontecimentos. Deveria ter dado mais valor quando tudo estava por perto. Mas a gente erra e, por vezes, se arrepende quando já é tarde.

Terminarei de pagar minha fatura sem poder usufruir dos benefícios que tinha. Mas quero que saiba que sempre terei na cabeça um plano (falível) para te tirar de onde está. Me conheço bem e sei que não vou sossegar enquanto essa dívida não for paga. 

Não vou parar minha vida por isso, o que é meu, é meu. Deus sabe o que faz... são as linhas tortas que se encontram. Só lamento por você, sei bem que minha vitória já foi escrita.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Menininha

Pedi que ela se sentasse e ficasse bem quietinha, que não se intrometesse enquanto eu estivesse ali. Pela 1ª vez, ela me obedeceu. Ficou de longe vendo tudo. Acabei me esquecendo de que a tinha deixado lá, sentadinha no meio fio daquela praça. Quando me lembrei, já era tarde, voltei para buscá-la mas ela havia ido embora. Procurei por ela durante alguns meses e acho que ela não volta mais. Quis que ela ficasse longe porque ela poderia me atrapalhar, e realmente atrapalharia, mas agora que estou sozinha sei bem que ela me ajudaria. Com ela não existem certos sofrimentos, é prática... não me deixava pensar no que não vale a pena pensar, nem chorar pelo que não é pra chorar, nem sonhar com o que não é pra mim. Como sinto falta dela que tanto me prejudicou. Descobri que era ela que me defendia. Não tem mais volta, talvez já tenha morrido. Fui eu que escolhi deixá-la de lado, desejei durante anos que ela fosse embora e agora que ela foi não sei como viver. Só sabia viver do jeito dela. Ela não vai voltar e eu preciso aprender a viver sozinha. Preciso achar o meu jeito. Preciso fazer com que as coisas façam sentido. No fundo, não quero que ela volte... quero outra coisa.. 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Palavras de um futuro bom

Não era um dia comum. 

Abriu os olhos e se deparou com ela. Singela e sem grandes pretensões, ela veio sem que fosse esperada. Disse algo sem dizer nada. Mexeu com o que talvez quisesse deixar quieto. Chegou e trouxe com ela um sorriso amigável, uma vontade de dar continuidade, uma sensação boa.

Foi um sopro de esperança. Talvez seja apenas um sopro... mas não é o que queremos acreditar, estamos sempre esperando aquela luz que nos cega no fim do túnel... e talvez, essa luz seja assim fraquinha no início.

- Ah se soubesses do que é capaz... 

Fechou os olhos antes de levantar... queria sentir mais um pouquinho daquela alegria que lhe enchia o coração. Sabia que rapidinho isso passaria e por isso não queria desperdiçar nem um pouquinho. 

Deu-lhe um beijo e foi começar seu dia, de repente, passou... mas não totalmente. Ainda ficará guardada por um tempo. Ainda servirá para liberar lágrimas quando a saudade bater.

Serviu como mais um impulso...

Dias se passarão e estará a esperar por mais uma daquelas que nos fazem sorrir e achar que a vida será muito boa...

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Como tudo deve ser (?)

Essas últimas notícias de suicídio me fizeram pensar muito sobre a vida.

Como pode alguém perder a esperança a ponto de tirar sua vida? Como pode alguém pensar que não há mais nada para viver, mais nada para sonhar, mais nada para ser? Como pode alguém se sentir sozinho a ponto de achar que ninguém sentirá a sua falta?

E me pergunto de onde tiram essa coragem para deixar para trás tudo que foi construído... 

Me pergunto: qual o valor que a vida tem hoje? Alguns tiram a vida dos outros, outros tiram sua própria vida... e isso vem se tornando normal, daqui um tempo, vamos ouvir essas notícias e não vamos mais nos importar.

Qual o valor da sua vida??? Quanto a sua vida vale??? Pelo quê você morreria??? Pelo quê você se mataria???

Temos mesmo esse direito de desistir? Podemos mesmo abrir mão do único bem verdadeiro que temos?

O que sei é que a vida se torna cada dia mais pesada e se a gente não se policia, não fica em alerta o tempo todo, caímos e esquecemos como é que se levanta.

Todo dia temos inúmeros motivos para desistir. Tudo a nossa volta nos diz algo de negativo. Não tem jeito, as coisas estão cada vez piores, mas e você? Tem se deixado contaminar com o que há de ruim ou tem contaminado as coisas ruins com o seu jeito bom de ver a vida?

Confesso que não tenho visto o lado bom da vida nos últimos meses... tem acontecimentos que levam da gente a vontade de acreditar que as coisas um dia vão melhorar... Na verdade, sou muito fraca e isso faz com que os acontecimentos (bons ou ruins) atinjam a minha vida diretamente. Estou sempre a espera do milagre e quando ele não vem, costumo me culpar. Mas a culpa não é sempre minha... Tem coisas que fogem do nosso controle... 

Controle, palavra bonita que na prática é muito perigosa. Achar que está sempre no controle é perigoso. Nunca ter o controle de nada também é perigoso. Se controlar sempre a ponto de não fazer o que quer, perigosíssimo...

Até que ponto podemos controlar nosso destino? 

Se todas as áreas da sua vida estão ruins, algo deve ser feito. E tem gente que resolve acabar com tudo de uma vez, tem gente que tenta mais uma vez, tem gente que vai deixando as coisas acontecerem, tem gente que se esconde, tem gente que cria um personagem... 

Acredito que muitos hoje estão com toda a vida bagunçada, sem sentido... e me incluo aqui. E o que fazer? Tenho me agarrado ás pessoas que me amam e me querem bem... Graças a Deus tenho eles!!! Tem dias (quase todos) que não quero levantar da minha cama, mas lembro que minha família não merece isso, aí vou trabalhar mas também não é isso que quero, e me lembro que meus alunos e colegas de trabalho não merecem isso, aí não quero ver gente, não quero conversar, não quero sair, mas tenho amigos, e eles não merecem isso... E quer saber!? Quem não merece mesmo sou eu. Eu não mereço o tanto que tenho... e por isso não tenho o direito de desistir. Tenho muita gente que se importa e isso basta. Mesmo que, por vezes, me sinta sozinha e perdida, mesmo que eu queira logo o que não posso ter, mesmo que eu só chore... um dia vai passar, eu sei... lá no fundo eu ainda acredito que tudo vai ficar bem... e é nisso que estou presa.

"A vida corre pelas ruas numa busca sem sentido
Enquanto o mundo está em guerra por paz
Não me pergunte o que é que eu quero da vida
O que é que eu quero da vida, eu tenho sede de mais
A vida flui na sua loucura e o momento é decisivo
Mas agora estou confuso demais
Não me pergunte o que é que eu quero da vida
O que é que eu quero da vida, eu tenho sede de mais..."
 Tudo pro alto - Charlie Brown Jr

sábado, 7 de setembro de 2013

Não ter

- Me desculpe.

Não, eu não desculpo esse falso pedido. O pesar de saber que fez mal, mas que faria do mesmo jeito se tivesse uma nova oportunidade. O egoísmo de ter tentado suprir somente o seu problema, as suas dúvidas, a sua dor. A maneira de iludir e fazer com que o erro nunca estivesse do seu lado.

Eu nunca vou desculpar isso.

E me culparei ainda por bastante tempo por saber que sou a única responsável pela minha vida e pelo que permito entrar nela. Ainda hão de vir alguns finais de semana e muitas noites para me atormentarem com pensamentos desesperançosos. Ainda secarei as lágrimas escondida das pessoas que estão por perto. Meu corpo ainda gritará socorro aos médicos e eu marcarei consultas mesmo sabendo que farmácia nenhuma tem o remédio que preciso.

Isto está demorando muito dentro de mim e, deixo bem claro aqui, que não gosto nem um pouco dessa ideia. A vida está passando e eu carregando esse peso. E é por isso que eu não desculpo.

Sou imatura demais para desculpar. Agressiva demais para desculpar. Infeliz demais para desculpar. Sonhadora demais para desculpar. Ignorante demais para desculpar. Boba demais para desculpar. Sou muito eu... enfim sou eu... e eu não desculpo.

- Me desculpe.

Eu desculpo! Claro. Quem sou eu para negar a você uma simples palavra de consolo?! Mesmo que da boca pra fora, está desculpado. Olhe pra você, já tem a sentença que merece. Estará sempre atrelado nesse destino infeliz que lhe foi reservado. Preso e refém das escolhas e posturas erradas. Nunca conhecerá a verdadeira felicidade porque não consegue se abrir verdadeiramente a vida. Vá! E por favor, não volte mais.

- Me desculpe.

Não me lembro de nenhuma situação que devo desculpar... Me desculpe...

- Me desculpe.

domingo, 1 de setembro de 2013

Misturas soltas

Era sabor e dor. Medo, receio, pretexto. Sono ao acordar, insônia antes de dormir.

 Pés no chão, no ar, no mar. Grama, céu e movimento. 

Cais, porto, cinema, arma, dilema.

Era réu. Mel. Farol, destino, acaso, revolta.

Tempo, vento, doenças. Esperanças fantasiadas de desassossego.

Foi. Mensagens de texto, email, sinal de fumaça.

Olhos fechados, sempre muito fechados para nunca enxergar. Ver é sofrer. Queria amar. 

Querer...

Vi num dia ensolarado o mais triste dos naufrágios.

Rastejando, correndo, tentando. Longe, muito longe.

Distante do sempre e para sempre. Onde vais? Do que foges?

Sorri. Menti.

O lugar comum, o melhor lugar, lugar nenhum.