segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Bruma

Sabe aquela história de que quem brinca com fogo acaba se queimando?

Pois bem... Tem momentos que temos plena certeza de que damos conta do recado. Tudo começa muito bem e chega uma hora que parece que vai desandar, parecer não quer dizer que vai e como somos brasileiros e não desistimos nunca, vestimos uma segurança imaginária e pulamos na fogueira... mais uma vez nos deixamos queimar.

Queimadura de qualquer grau dói. Se queimar sabendo que poderia ter evitado o acidente dói mais ainda. Se queimar sabendo que se jogou no fogo sem nem ter tentado se proteger dói também. Saber que se jogou na fogueira sem necessidade é desesperador. Queimar mais de uma vez o mesmo lugar, dói a dor da queimadura e da falta de cuidado que tivemos conosco.

Há quem se queime testando seus limites, há quem se queime por acreditar que as coisas podem ser diferentes, há quem se queime por não conseguir aceitar o que lhe foi posto.

Hoje acordei queimada... por dentro e por fora.

E só cabe a mim cuidar dessa marca que ficará. Só eu saberei o quanto essa cicatriz ficará feia. Apenas eu carregarei essa escolha.

Há um tempinho atrás estava divagando sobre os efeitos que as pessoas trazem a minha vida e, como Sartre, também achava que o inferno eram os outros. Talvez eles sejam mesmo... mas isso não tira de mim a responsabilidade de ter me deixado ser atingida por eles. Sou eu quem permito o que entra e sai da minha vida.

Quem me queima, me queima porque não me cuidei o suficiente. Se alguém me fere, foi porque, em  algum momento permiti que essa pessoa estivesse próxima demais do que é valioso pra mim mas pode não ter importância alguma pra ela. 

Não posso viver me culpando pelo o que os outros fazem, sei disso. Mas também não posso fingir que não estou vendo o quanto tenho sido usada como objeto para sublimação de outrem.

Não me leve a mal... eu só não poderia estar te levando tão a sério.