quarta-feira, 27 de março de 2013

Agora não falta ninguém...


Acordei mais uma vez fora do horário. Já sabia que o ônibus ia demorar e o trânsito não ajudaria. Vi o mundo se movimentando pela janela e senti que minha vida precisava de uma pausa. Resolvi não me levantar. Deixei o cansaço me levar e só abri os olhos quando a fome bateu. Cheirinho de café novo com leite frio e um pãozinho quentinho, não preciso de mais nada! Me animei! Liguei o rádio e todas as músicas faziam sentido. O sol estava encorajador. Me vesti e saí para trabalhar, mesmo muito atrasada. Meu dia estava sorrindo para mim... Entrei no ônibus e lembrei quem eu era e qual a vida que eu levava. Será que vale mesmo a pena se enganar nessa (falsa) felicidade abstrata? Desci bem antes de onde deveria... Percebi que merecia conhecer outro eu, então eu fui...

quinta-feira, 14 de março de 2013

Lágrimas

Elas estão aqui outra vez e hoje eu sei o porquê. Lembra daquele coração de gelo? Ele está derretendo aos poucos. O aquecimento global vem destruindo padrões antigos. De um lado da geleira o vulcão despertou, do outro lado, um furacão. A geleira está quase extinta e foi pega por um tsunami. A água subiu e ficou notável. Fogo, água, pedra, vento... tudo num mesmo espaço. Fenômenos que ficaram adormecidos por anos. 

Toda uma vida num campo minado fez com que o soldado não mais confiasse no chão que pisa. Maldito chão que trai os pés que o massageia. 

No chão da minha vida venho enterrando gente que ainda não morreu. No céu da minha estrada vejo estrelas que nunca poderei tocar. No mar de toda essa angústia afogo meus dias por não saber nadar.

sexta-feira, 8 de março de 2013

O galo cantou cedo, mal o dia raiou e o cotidiano já estava a me engolir.

A labuta me levou a buscar mais cansaço. O dia caiu junto com o meu ânimo. Pedi ao céu que o encontro com meu travesseiro chegasse logo.

A lua já pensava em se despedir quando um amarelo solar desceu aquela rua.

Esperei muito tempo por ele e nem pensei meia vez antes de entrar com tudo nessa viagem. Até tentei me esquivar, olhei o mundo e minha vida passar pela janela. Precisava tomar uma atitude... Coloquei-me de pé, mudei o olhar, sorri... e a minha alma então dançou leve e docemente no meu coração. Descobri que havia algo em mim, algo de bom!

E quando o sol voltou ao céu, as nuvens já não estavam mais lá. A vida agora se passava em outro lugar. A realidade virou um sonho bom e esperar por palavras jogadas ao vento se tornou o motivo para sair da cama pela manhã.

Um dia abri os olhos e lá estava... a estranheza mais comum e a normalidade mais estranha de todos os tempos... E quanto tempo... Tanto tempo e tão pouco tempo...

E no seu tempo as portas vão se abrindo, a vida se encontrando, os caminhos surgindo e o destino se moldando... No meu tempo e no seu tempo formando, sem pressa, o nosso tempo.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Forte

 Olha o fundo do poço aqui de novo! Dessa vez nem percebi que caí. Cada dia é mais difícil. Me sinto num beco sem saída. Quero mais que tudo sair dessa, mudar de uma vez por todas, mas continuo presa. Por quê? O que é que eu estou fazendo de errado? Isso está me corroendo. Sei que nunca conseguirei ser perfeita. Sei que a vida também nunca será perfeita... O que eu quero é uma chance de dar certo. Eu não estou mais culpando ninguém por nada, entendam isso. A questão é que eu não suporto mais. Minha vida não é a vida que eu sempre quis e o que há de bom eu estou destruindo... Permita que eu seja diferente. Preciso que me vejam com bons olhos. Preciso seguir. Ninguém entende os motivos disso me doer tanto (e eu também não entendo)... Só quero me ver de um jeito diferente. Parem de me olhar com os olhos viciados no que eu sempre fui. Vejam o que eu venho construindo lentamente. Construam comigo meu novo forte.