sábado, 20 de outubro de 2012

Escória

Não escolhi viver no lixo. É o lixo que me escolhe a cada dia... por mais que corra dele, tem sempre uma cilada a me esperar.

Não vejo saídas.

Tem dias que já acordo com a revolta entalada na minha garganta, tem dias que acordo esperançosa... mas ao dormir percebo que a esperança já não está comigo.

Dormir... nem sei se é bem isso que tenho feito. Se durmo e sonho que estou trabalhando, isso conta como hora extra?

Continuo querendo sumir no mundo e fugir de mim mesma... não tenho coragem...

Queria ter força suficiente para mudar tudo isso.

Ainda não tenho!

Quem ou qual será o impulso que vai me elevar ao cargo de ser gente?

Rastejar e viver na lama não têm me ajudado em absolutamente NADA!

Até quando vou continuar camuflando tudo isso que tenho aqui dentro?

Todos os dias despejo ali o que tenho no coração. Restos do que eu nunca fui. Partes do que nunca serei. E novidades que escondi até ficarem velhas.

Sabe o que me sobrou? Só eu. Sem nenhum enfeite. O nu e cru mais desesperador de todos os tempos.

Já cansada e destruída, ainda sou obrigada a conviver com o que conheço de pior: eu mesma.

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